AGARRANDO PUEBLO
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PURO SANGUE
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PELA MANHÃ

POR LA MAÑANA (1979), de Bellien Maarschalk e Patricia Restrepo, 8 min. Livre.
O café da manhã cotidiano de um casal em que a falta de comunicação domina. As ações mecânicas do marido que sequer olha sua esposa são tomadas por três ângulos diferentes, sob a narração do poema “Le déjeuner du matin”, de Jacques Prévert.

Neste curta-metragem experimental, a holandesa Bellien Maarschalk se une à caleña Patricia Restrepo, integrante do comitê de redação da revista Ojo al Cine ao lado de Luis Ospina, Carlos Mayolo e Andrés Caicedo e que, em 1978, funda o coletivo Cine-Mujer. A câmera enquadra em plano médio uma mulher sentada (Patricia Bonilla) que olha fixamente para a objetiva. Acompanha-se sua expressão angustiada e a narração de uma voz feminina, que descreve as ações de seu marido. Ele toma seu café da manhã, indiferente à presença da esposa. Um corte. Um homem (John Oberlaender) coloca café, leite e açúcar em sua xícara, fuma um cigarro, veste o paletó e sai da casa. O automatismo da ação é reforçado por pequenos cortes e repetições da mesma imagem. Outro corte. Plano geral em que se vê um casal no momento do café da manhã. A distância da câmera é a mesma da incomunicabilidade do casal: cada um se posta numa ponta da mesa e eles não cruzam os olhares. Ele realiza os mesmos movimentos descritos na cena anterior; ela observa sua invisibilidade diante do marido. A narração retorna. O único momento de aproximação é o zoom final sobre a xícara, que é finalizado abruptamente. A mecanicidade dos gestos e a inexistência das trocas de olhares criam uma atmosfera de ausência dentro do ambiente interno, reforçada pela vivacidade da chuva que corre do outro lado da janela. (Marina Campos)

30 de junho, sexta-feira, 17h00