Um velho milionário dono de um empório açucareiro é diagnosticado com uma estranha doença. Para sobreviver, precisa de constantes transfusões de sangue de crianças e adolescentes, que serão obtidas através de aberrantes estratagemas.
Escrito em parceria com Alberto Quiroga, o roteiro do primeiro longa-metragem de ficção de Luis Ospina baseou-se em fatos reais ocorridos em Cali, misturados ao imaginário e às lendas da cidade. Valendo-se dos códigos do cinema de terror, o filme translada o arquétipo do vampiro para o velho milionário Roberto Hurtado (Roberto “Fly” Forero), cuja insaciável necessidade de sangue é comparada à das pulgas e dos mosquitos característicos dessa região tropical. A figura do magnata dependente de sangue alheio apresenta um vampirismo social que questiona as dinâmicas de classe e raça presentes no Vale do Cauca, imprimindo no filme um tom político de complexa e astuta construção. Várias cenas do velho magnata “chupa-sangue” fazem referência explícita a Cidadão Kane (1941), de Orson Welles; Charles Foster Kane e Roberto Hurtado se encontram nas cenas rodadas em contraluz, na convalescência, no cuidado da enfermeira e da monja. O gótico tropical aqui se constrói não só pelo argumento, mas também pela delicada direção de arte (Karen Lamassonne) e pela fotografia (Ramón Suárez), que acentuam a presença da cor vermelha, contrastando-a com o verde e as cores terrosas em um constante jogo de sombras. (Jenny Fonseca)
06 de julho, quinta-feira, 15h00