Em meio à luta para sobreviver a uma grave doença, Luis Ospina reconstrói a história do Grupo de Cali, coletivo que logrou criar um corpus cinematográfico que tem conseguido transcender a morte de alguns dos seus integrantes para ser parte vital da história do cinema colombiano. Este autorretrato desafia a finitude da vida e faz uma homenagem à amizade e ao delírio criativo.

Imagens de arquivo mostram prédios colapsando, casas caindo, fortes estruturas de concreto sendo demolidas: com a iminência da queda, da catástrofe e da destruição começa este autorretrato, para então uma voz comentar que o fim do mundo não é uma explosão, mas um gemido. Andrés Caicedo, que registrou suas últimas palavras em várias cartas antes de se suicidar, numa delas escreveu: “Você também premedita sua própria morte; é a única forma de vencê-la”. Quase quarenta anos depois, Luis Ospina decide não premeditar sua morte, mas desafiá-la criando este emocionante autorretrato a partir de entrevistas, imagens de arquivo, referências cinéfilas e encontros com seus amigos da Caliwood. Sua própria história clínica enuncia desde o começo o caráter íntimo do relato, em que vida e obra não se separam, e a iminência da morte é um estímulo para tentar entender o que ele e seus amigos construíram coletivamente. O legado do Grupo de Cali aqui é autorreferenciado de forma minuciosa, deixando claro que seus filmes poderão sempre ser recontextualizados e relidos por seus próprios autores. As produções são portanto infinitas, obras sempre em processo que desafiam a latência do esquecimento. (Jenny Fonseca)

27 de junho, terça-feira, 16h00 + recepção de abertura
04 de julho, terça-feira, 15h00