Partindo da fisiologia do gosto, o documentário percorre os vários caminhos em que este conceito se vê questionado pelas artes, pela ética, pela estética e pelos códigos e paradigmas da convenção cultural.

Neste intenso documentário sobre os significados da apreciação estética, após a presença ostensiva do narcotráfico na década de 1980 na Colômbia, cabe a cada área do conhecimento discutir e contradizer suas distintas formas de apropriação e de construção. Percebe-se que suas infindáveis definições serviram não só para estabelecer relações de negação cultural, impostas pelas grandes estruturas de poder dominante, como também para que as rupturas necessárias desses códigos viessem à tona. São questionados a moda e os hábitos determinados pela moral e pela ética, a estética e a história da arte, através de obras propositalmente de mau gosto, nas provocações de artistas colombianas como Beatriz González. As telenovelas latino-americanas são vistas como fenômeno cultural que rompe com a segregação de gêneros concebidos pela classe burguesa para dar lugar a ideais coletivos que desafiam o gosto como arma de exclusão e desvalorização do outro. Os críticos Eduardo Serrano e Luis Alberto Álvarez, os artistas Pedro Alcántara e Marta Elena Vélez, a antropóloga Elizabeth Reichel e outros artistas, historiadores, psicanalistas, um poeta, um fisiólogo, um semiólogo e um humorista dialogam e discordam, abrindo caminho para uma dialética do gosto. O documentário nunca foi transmitido pela televisão e teve só uma exibição pública, na Cinemateca Distrital de Bogotá. (Paula Ramos)

02 de julho, domingo, 18h00