Documentário que pretende reconstruir a memória quase perdida de María, primeiro longa-metragem colombiano, inspirado no romance homônimo de Jorge Isaacs, de que resta apenas um pequeno fragmento de 25 segundos.

Através da montagem polifônica de uma série de entrevistas, e fazendo uso da reconstrução cênica, da fotografia de cena e do material de arquivo, este documentário é um exercício de recuperação da memória dos inícios do cinema colombiano. Trata-se da busca do cinema dentro do cinema. Dos 25 segundos que restam de María, o filme dirigido pelo espanhol Máximo Calvo em 1921 na região de Cali, surge uma reflexão sobre o esquecimento. “Não me lembro de mais”, “Não consigo lembrar muito”, “Não me lembro direito do que aconteceu”, “Já não me lembro com muito detalhe”, dizem alguns dos entrevistados, cuja memória parece ter-se esvaído junto ao celuloide desaparecido. Porém, opondo resistência a esse fantasma cinematográfico, se reconstrói através de encenações o que as fotografias de cena ainda existentes sugerem: um encontro de estéticas. Se há referências ao romantismo de influência francesa presente em María, livro publicado pelo escritor colombiano Jorge Isaacs em 1867, e ao cinema silencioso, elas se misturam com os cenários tropicais do Vale do Cauca. O “romantismo tropical”, embora incapaz de encontrar em sua totalidade o longa-metragem María, tira das cinzas as origens do cinema colombiano. (Jenny Fonseca)

28 de junho, quarta-feira, 19h00