SLAPSTICK
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CÂMERA ARDENTE
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ADEUS A CALI!

ADIÓS A CALI! (1990), de Luis Ospina, 50 min. Livre.
O desmonte de Cali é visto em imagens que expressam a construção da obra urbana moderna em contraponto ao desmoronamento e desaparecimento do antigo. Ao mesmo tempo, o documentário tenta dar conta da memória artística e cultural da cidade.

“Uma cidade sem passado é uma cidade sem memória.” Essa é uma das frases que vemos pichada nos muros de Cali, que conhece bem a voracidade do “progresso”. Depois de um processo intenso de urbanização na década de 1970, nos anos 1990 a textura da depredação marca grandes espaços inutilizados, colocando a modernidade em ruínas e demonstrando um esvaziamento do passado frente a novos edifícios que não cessam de chegar. Na primeira parte do filme, ocupa a tela a arquitetura da cidade: veem-se monumentos, fachadas e as formas concretas que a geometria urbana constrói. Faltam formas orgânicas, e o corpo humano surge apenas como contorno ou extensão das máquinas, e não o contrário. O vento é o único elemento natural que move essas estruturas marcadas no tempo, dando vida ao que parece inanimado. No segundo momento do filme, Cali é humanizada. O espaço da cidade, representando o que outrora era preenchido pela sensação de pertencimento, deixa agora seus ocupantes como estranhos no próprio lar, diante do desaparecimento da cidade. Vemos dualidade no entendimento de resgate da memória quando ouvimos artistas como Óscar Muñoz, Ever Astudillo, Karen Lamassonne e Fernell Franco, em oposição às falas dos demolidores que participam dessa desconstrução. (Paula Ramos)

02 de julho, domingo, 16h30