ANDRÉS CAICEDO
June 20, 2017
ANTONIO MARÍA VALENCIA
June 20, 2017

A MANSÃO DE ARAUCAIMA

LA MANSIÓN DE ARAUCAIMA (1986), de Carlos Mayolo, 85 min. 16 anos.
Suspenso no tempo e isolado do resto do mundo, o casarão que dá nome ao longa abriga uma rara combinação de personagens: Don Graciliano, o dono; Camilo, o piloto; Cristobal, o escravo; Paulo, o guarda; e finalmente La Machiche, uma atriz madura. O estranho equilíbrio é perturbado pela chegada de uma estranha.

Álvaro Mutis (1923-2013) queria que Luis Buñuel (1900-1983), seu amigo, igualmente admirador da literatura surrealista e interessado por romances ingleses do século XVIII, filmasse uma novela gótica ambientada nos trópicos, que ele escreveria. Para o cineasta, no entanto, o estilo gótico não podia prescindir do ambiente invernal e da atmosfera sombria. A publicação do romance de Mutis, A mansão de Araucaima, em 1973, e sua adaptação para o cinema, em 1986, por Carlos Mayolo, constituem as principais balizas do “Gótico Tropical”. O filme aponta criticamente persistências do sistema colonial e abusos do poder, numa atmosfera de erotismo e mistério que flerta com as convenções do gênero inglês. Dono de um casarão aristocrático no Vale do Cauca, Don Graciliano (interpretado pelo brasileiro José Lewgoy) é um homem movido pelo prazer: ouve ópera, entrega-se a banhos de leite preparados pelo escravo Cristóbal (Antonio Pitanga) ou pela sedutora Machiche (Vicky Hernández), que se relaciona com todos os homens do lugar, inclusive com o guarda (Carlos Mayolo). A mise-en-scène privilegia a sensualidade dos quadros, compostos como tableaux, em estreito diálogo com a pintura. O isolamento se rompe com o surgimento de Angela, que fará as vezes de donzela em apuros. A jovem atriz chega à mansão depois de fugir das gravações de um comercial (o diretor é vivido por Luis Ospina, montador do longa ao lado de Karen Lamassonne). (Lúcia Monteiro)

01 de julho, sábado, 19h00