A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, de 20 de novembro a 02 de dezembro de 2018 (terça-feira a domingo), a mostra África(s). Cinema e memória em construção, uma homenagem ao cinema criado no contexto de independência e revolução dos países africanos. A programação, com curadoria da pesquisadora e professora Lúcia Ramos Monteiro, conta com 42 filmes entre curtas, médias e longas-metragens de diversos países e épocas, de 1968 a 2017. Flora Gomes, Licínio Azevedo e Sarah Maldoror estão entre os cineastas que terão seus filmes exibidos. Também estão previstas sessões acompanhadas de debates com cineastas e especialistas.
África(s) Cinema e memória em construção tem lugar no mês da consciência negra. Novembro é também o mês da independência de Angola, conquistada em 11 de novembro de 1975. Alguns títulos da programação têm relação com os movimentos independentistas em Angola – ou a memória deles. É o caso de Monangambée (1968), de Sarah Maldoror, recentemente restaurado e exibido no Festival de Berlim. A mostra também traz ao Rio de Janeiro alguns filmes de Santiago Álvarez, figura central do cinema revolucionário cubano, que dedicou a Angola e a Moçambique documentários realizados logo após as independências: O milagre da terra morena (1975), Maputo, meridiano novo (1976) e Nova sinfonia (1982).
Da produção africana mais recente, um dos destaques é Comboio de sal e açúcar (2016), de Licínio Azevedo, gaúcho radicado em Moçambique – o filme estreou no Festival de Locarno, na Suíça. Outro filme importante é Na cidade vazia (2004), de Maria João Ganga. Foi o segundo filme feito em Angola depois da independência e o primeiro feito por uma mulher no país. Há também o premiado A república dos meninos (2012), de Flora Gomes, um dos fundadores do cinema da Guiné-Bissau junto a Sana Na N’Hada, que tem dois longas na mostra: Xime (1994) e Kadjike (2013) – além de ser um colaborador-chave nas obras da multiartista portuguesa Filipa César, que faz um impressionante trabalho de arquivo em Transmissão das zonas libertadas (2016) e Spell Reel (2017).
A ideia da mostra surgiu em 2014 através de estudos sobre os filmes que retratavam a independência de Moçambique, também ocorrida em 1975. A primeira edição foi realizada em 2016, no CAIXA Belas Artes de São Paulo, com o título África(s). Cinema e revolução. Enquanto a programação paulistana se dedicou ao momento das revoluções nesses países, o evento deste ano tem o objetivo de exibir filmes que foram construindo a memória do processo revolucionário, ao mesmo tempo em que elaboram o passado colonial e abordam as persistências desse passado.
A maioria dos filmes nunca foi vista no Rio de Janeiro e nem mesmo no Brasil. Títulos como os de Álvarez e de Mathieu Kleyebe Abonnenc (que também se dedica ao imaginário colonial e pós-colonial) só foram projetados na mostra África(s) de 2016. Outras atrações foram exibidas em ocasiões muito raras, como 25, de Zé Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, em cartaz na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de SP, em 1977.
A curadora Lúcia Ramos Monteiro destaca que “a experimentação de formatos e linguagens, presente em muitos dos filmes, também pode ser relacionada à descolonização do pensamento, a uma libertação dos paradigmas cinematográficos originalmente estipulados por cineastas homens e brancos, situados nos ‘centros’ geopolíticos tradicionais do cinema, como Estados Unidos e Europa”. E chama a atenção para algumas produções brasileiras, celebrando que a mostra se realize justamente no mês da consciência negra: “Tendo em vista a força estética e política do cinema brasileiro afro-diaspórico que passa por um momento de ebulição criativa, farão parte da mostra filmes importantes no cenário atual, como Kbela, de Yasmin Thayná, Travessia, de Safira Moreira, Monga, retrato de café, de Everlane Moraes, Cinzas, de Larissa Fulana de Tal, e Quilombo das Brotas, de Renata Martins e Lilian Santiago”.
Esperamos por vocês!
África(s) Cinema e memória em construção tem lugar no mês da consciência negra. Novembro é também o mês da independência de Angola, conquistada em 11 de novembro de 1975. Alguns títulos da programação têm relação com os movimentos independentistas em Angola – ou a memória deles. É o caso de Monangambée (1968), de Sarah Maldoror, recentemente restaurado e exibido no Festival de Berlim. A mostra também traz ao Rio de Janeiro alguns filmes de Santiago Álvarez, figura central do cinema revolucionário cubano, que dedicou a Angola e a Moçambique documentários realizados logo após as independências: O milagre da terra morena (1975), Maputo, meridiano novo (1976) e Nova sinfonia (1982).
Da produção africana mais recente, um dos destaques é Comboio de sal e açúcar (2016), de Licínio Azevedo, gaúcho radicado em Moçambique – o filme estreou no Festival de Locarno, na Suíça. Outro filme importante é Na cidade vazia (2004), de Maria João Ganga. Foi o segundo filme feito em Angola depois da independência e o primeiro feito por uma mulher no país. Há também o premiado A república dos meninos (2012), de Flora Gomes, um dos fundadores do cinema da Guiné-Bissau junto a Sana Na N’Hada, que tem dois longas na mostra: Xime (1994) e Kadjike (2013) – além de ser um colaborador-chave nas obras da multiartista portuguesa Filipa César, que faz um impressionante trabalho de arquivo em Transmissão das zonas libertadas (2016) e Spell Reel (2017).
A ideia da mostra surgiu em 2014 através de estudos sobre os filmes que retratavam a independência de Moçambique, também ocorrida em 1975. A primeira edição foi realizada em 2016, no CAIXA Belas Artes de São Paulo, com o título África(s). Cinema e revolução. Enquanto a programação paulistana se dedicou ao momento das revoluções nesses países, o evento deste ano tem o objetivo de exibir filmes que foram construindo a memória do processo revolucionário, ao mesmo tempo em que elaboram o passado colonial e abordam as persistências desse passado.
A maioria dos filmes nunca foi vista no Rio de Janeiro e nem mesmo no Brasil. Títulos como os de Álvarez e de Mathieu Kleyebe Abonnenc (que também se dedica ao imaginário colonial e pós-colonial) só foram projetados na mostra África(s) de 2016. Outras atrações foram exibidas em ocasiões muito raras, como 25, de Zé Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, em cartaz na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de SP, em 1977.
A curadora Lúcia Ramos Monteiro destaca que “a experimentação de formatos e linguagens, presente em muitos dos filmes, também pode ser relacionada à descolonização do pensamento, a uma libertação dos paradigmas cinematográficos originalmente estipulados por cineastas homens e brancos, situados nos ‘centros’ geopolíticos tradicionais do cinema, como Estados Unidos e Europa”. E chama a atenção para algumas produções brasileiras, celebrando que a mostra se realize justamente no mês da consciência negra: “Tendo em vista a força estética e política do cinema brasileiro afro-diaspórico que passa por um momento de ebulição criativa, farão parte da mostra filmes importantes no cenário atual, como Kbela, de Yasmin Thayná, Travessia, de Safira Moreira, Monga, retrato de café, de Everlane Moraes, Cinzas, de Larissa Fulana de Tal, e Quilombo das Brotas, de Renata Martins e Lilian Santiago”.
Esperamos por vocês!