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Celso Luccas e José Celso Martinez Corrêa
1975, Moçambique/Brasil, 140’, blu-ray
Depois do fechamento do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, exilados, filmam em 16 mm a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975. O filme pretende trazer o ponto de vista do colonizado ao contar o processo de libertação do país e, com base em imagens de arquivo de diferentes proveniências, mostrar a história da resistência e da luta do povo moçambicano contra quatrocentos anos de opressão e dominação colonialista. Foi exibido em 1977 no Festival de Cannes e na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
24/11, sábado, 17h30. Sessão seguida de debate com o cineasta Celso Luccas e com o crítico e pesquisador Juliano Gomes.
A colheita do diabo
Licínio Azevedo e Brigitte Bagnol
1988, Moçambique/França, 52’, DVD
Nascido em Porto Alegre e radicado em Moçambique desde 1975, Licínio Azevedo realiza A colheita do diabo em parceria com a antropóloga francesa Brigitte Bagnol. O filme trata de uma aldeia em Moçambique, ameaçada pela seca e por bandidos e defendida por cinco veteranos da guerra de independência. O título faz alusão às minas terrestres plantadas em solo moçambicano, que muito tempo após a independência continuavam a matar e a mutilar pessoas.
23/11, sexta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Hóspedes da noite.
A minha fala (Nha Fala)
Flora Gomes
2002, Guiné-Bissau/Portugal/França/Luxemburgo, 85’, DVD
Fruto de uma coprodução internacional e rodada em Cabo Verde, esta comédia musical é dedicada a Amílcar Cabral, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), assassinado em 1973. A trajetória de Vita, a protagonista, entre a África e a Europa, corre em paralelo aos deslocamentos do busto de Cabral. Uma maldição ancestral ameaça de morte as mulheres da família de Vita que se atrevem a cantar. Em Paris para estudar, ela se apaixona por Pierre, um jovem músico, e, radiante de felicidade, acaba por cantar. Pierre, surpreendido com seu talento, convence-a a gravar um álbum, que faz sucesso. Horrorizada pelo peso da maldição, ela resolve regressar à casa. Com a ajuda de Pierre, Vita encena a própria morte e a ressurreição, provando à família e aos amigos que tudo é possível quando se tem coragem de ousar.
30/11, sexta-feira, 18h30. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pela pesquisadora Jusciele Oliveira.
A república dos meninos (República di Mininus)
Flora Gomes
2012, Portugal/França/Guiné-Bissau/Bélgica/Alemanha, 78’, blu-ray
Num país em guerra, os adultos desaparecem, abandonando as crianças à própria sorte. Surge, assim, a República di Mininus, onde políticos, médicos, enfermeiros e professores são todos crianças – o único adulto é Dubam (Danny Glover), uma espécie de guru. A nova organização social é abalada com a chegada de cinco crianças-soldados que trazem histórias de violência e perdas. Os meninos da nova sociedade impõem aos recém-chegados uma prova: ou se aceitam uns aos outros como grupo, ou terão de partir novamente para um mundo sem esperança, onde a sobrevivência é algo impossível. Rodado em Moçambique e falado em inglês, o filme conta com trilha sonora de Youssou N’Dour.
01/12, sábado, 16h00. Será exibido com o filme Mc Soffia.
Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010
Silvia Vieira e Bruno Silva
2010, Portugal, 16’, DVD
Realizado por dois pesquisadores portugueses, reúne e analisa dados relativos aos filmes produzidos em Moçambique entre 1975 e 2010, somando-os a entrevistas com importantes cineastas e produtores do país. O documentário oferece uma perspectiva acerca do percurso do cinema em Moçambique.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Kuxa Kanema. O nascimento do cinema e Transmissão das zonas libertadas.
Avó (Muidumbe)
Raquel Schefer, 2009
2009, Portugal/França, 11’, blu-ray
Moçambique, 1960. Retrato de uma família colonial pouco antes da eclosão da guerra de independência. Uma sequência de material de arquivo filmada pelo avô da cineasta, antigo administrador português em Muidumbe, no norte de Moçambique, é o ponto de partida de um documentário experimental sobre a história da descolonização portuguesa e sua memória. Memória dupla ou desdobrada: a memória vivida e descritiva dos colonizadores (seus textos, suas imagens) contra a memória fabricada dos descendentes. O filme encena as lembranças indiretas que a realizadora tem de Moçambique no período colonial.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Travessia e Mueda, memória e massacre.
Cinzas
Larissa Fulana de Tal
2015, Brasil, 15’, blu-ray
Como diz a letra dos Racionais, “cada favelado é um universo em crise”. Com Toni não é diferente. Em Cinzas, inspirado em conto homônimo de Davi Nunes, Toni vive mais um dia de sua vida, marcada pela rotina entre ônibus lotado, atraso no salário, exigência de pontualidade no trabalho, descrença nos estudos, falta de grana, polícia e crise psicológica. As angústias do jovem se assemelham às de tantas outras personagens da vida real.
28/11, quarta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Na cidade vazia.
Comboio de sal e açúcar
Licínio Azevedo
2016, Moçambique/Brasil/Portugal/França/África do Sul, 100’, blu-ray
Durante a guerra civil moçambicana, o trem que liga Nampula ao Malaui é a única esperança para centenas de pessoas dispostas a arriscar a própria vida numa viagem a fim de garantir sua subsistência. O filme traz a história da estoica Mariamu, viajante frequente; da jovem enfermeira Rosa, que está a caminho de um novo hospital; do tenente Taiar, que só conhece a realidade de sua vida militar; e do soldado Salomão, com quem Mariamu não se dá muito bem. Exibido no Festival de Locarno em 2016.
23/11, sexta-feira, 18h30. Sessão comentada pelo pesquisador Alex Santana França.
Em Bissau, o carnaval (À Bissau, le Carnaval)
Sarah Maldoror
1980, Guiné-Bissau, 18’, DVD
Desde a independência, a cada carnaval estabelece-se uma competição entre os bairros de Bissau: crianças e adultos criam máscaras coloridas em grande formato, atualizando de maneira política um ritual tradicional. No filme, produzido pelo Instituto Nacional do Cinema da Guiné-Bissau, Sarah Maldoror observa os gestos de confecção das máscaras. Filmadas por Jean-Michel Humeau, Sana Na N’Hada e Flora Gomes, as imagens do Carnaval também foram usadas por Chris Marker em Sans soleil (1983).
20/11, terça-feira, 18h30. Será exibido com o filme Morte negada. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
Estas são as armas
Murilo Salles
1978, Moçambique, 60’, blu-ray, 16 anos
Documentário que conta trinta anos de história de Moçambique, do colonialismo português à independência e ao conflito com a Rodésia, atual Zimbábue. Conforme depoimento do diretor: “Estas são as armas é meu primeiro longa-metragem como diretor. Tive que sair do Brasil para realizar o rito de passagem da fotografia para a direção. Isso se deu com um filme militante. O presidente Samora Machel insistia ser necessário que se fizesse um trabalho para explicar aos moçambicanos o que era imperialismo. Assumi a tarefa. Tinha à disposição um precioso material de registro da luta armada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), além dos arquivos de centenas de cinejornais portugueses da época colonialista. O filme foi montado para emocionar um povo que se esforçava para entender o que era uma revolução marxista-leninista e estava muito orgulhoso de poder construir sua própria nação”.
29/11, quinta-feira, 18h00. Será exibido com o filme Os comprometidos. Sessão seguida de debate com o cineasta Murilo Salles e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Fogo, uma ilha em chamas (Fogo, l’Ile de Feu)
Sarah Maldoror
1979, Cabo Verde, 34’, DVD
A independência da dominação portuguesa, em 1975, é contada segundo a perspectiva da Ilha de Fogo, no arquipélago de Cabo Verde, dona de um vulcão ativo. O olhar poético de Sarah Maldoror se detém sobre imagens do cotidiano da ilha, marcado pela escassez de água. Como bombeá-la para viabilizar a agricultura? Qual é a saída para a população?
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Prefácio a Fuzis para Banta e Kbela.
Hóspedes da noite
Licínio Azevedo
2007, Moçambique, 53’, DVD
Hóspedes da noite se concentra em um dos grandes símbolos da colonização portuguesa em Moçambique: o Grande Hotel, na cidade da Beira, o maior hotel do país na época colonial, com 350 quartos e uma piscina olímpica, cuja grandeza não durou muito mais que uma década. No documentário, o hotel aparece nas ruínas de sua condição presente, sem eletricidade nem água canalizada, habitado por 3.500 pessoas.
23/11, sexta-feira, 16h00. Será exibido com o filme A colheita do diabo.
Kadjike
Sana Na N’Hada
2013, Guiné-Bissau/Portugal, 115’, DVD
Os habitantes da aldeia de Nôcau, no arquipélago dos Bijagós, vivem de acordo com tradições ancestrais e em absoluto respeito pela natureza, até que um dia, um bando de visitantes indesejados ocupa e profana uma ilha preservada para o cultivo. Quando o feiticeiro da aldeia morre e tudo parece estar perdido, seu jovem aprendiz decide lutar contra os invasores.
30/11, sexta-feira, 16h00.
Kbela
Yasmin Thayná
2015, Brasil, 22’, blu-ray
Uma experiência audiovisual sobre ser mulher e tornar-se negra, a partir da afirmação dos cabelos crespos. Exercício subjetivo de autorrepresentação e empoderamento, em diálogo com o filme Alma no olho (1974), de Zózimo Bulbul.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Fogo, uma ilha em chamas e Prefácio a Fuzis para Banta.
Kuxa Kanema. O nascimento do cinema
Margarida Cardoso
2003, Portugal/Moçambique/França/Bélgica, 52’, blu-ray
A primeira ação cultural do governo moçambicano logo após a independência, em 1975, foi a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC). O novo presidente, Samora Machel, tinha especial consciência do poder da imagem e de como utilizá-la para construir uma nação socialista. As unidades de cinema móvel mostrariam por todo o país a mais popular produção do INC, o cinejornal Kuxa Kanema, cujo título significa “o nascimento do cinema”. O documentário da portuguesa Margarida Cardoso retraça o percurso histórico desde o surgimento desse ambicioso projeto até a decadência do INC.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010 e Transmissão das zonas libertadas.
Makwayela
Jean Rouch
1977, Moçambique/França, 19’, DVD
Resultado de uma oficina com um grupo de estudantes em Moçambique, este filme consiste numa visita do realizador e etnólogo francês Jean Rouch à Companhia Vidreira de Moçambique. Ali, depois de uma breve cena da fabricação de garrafas, aparece, com som direto, uma dezena de trabalhadores cantando e dançando no pátio uma canção anti-imperialista, cuja origem e sentido eles explicam em seguida ao cineasta: ela nasceu da dura experiência de trabalhar em minas, na África do Sul, sob o regime do apartheid.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Nshajo (O jogo) e Tudo bem, tudo bem, vamos continuar. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Maputo, meridiano novo
Santiago Álvarez
1976, Moçambique/Cuba, 16’, DVD
A partir de imagens de arquivo e filmagens da cidade de Maputo, o documentário aborda os principais fatos históricos relacionados à luta anticolonial da Frelimo contra o império português.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739 e Nova sinfonia.
Mc Soffia (episódio da websérie Empoderadas)
Renata Martins
2015, Brasil, 5’, blu-ray
Nascida em 2004, a rapper Soffia Gomes da Rocha Gregório Correia é a estrela desse episódio da websérie Empoderadas, combinando poesia, rima, ritmo, cultura, respeito e a busca por suas raízes.
01/12, sábado, 16h00. Será exibido com o filme A república dos meninos.
Monangambée
Sarah Maldoror
1968, Angola/França, 15’, DVD
Filmado na Argélia em 1968 a partir da adaptação de um conto de José Luandino Vieira, “O fato completo de Lucas Matesso” (1962), no momento em que o próprio Luandino Vieira encontrava-se preso pelo poder colonial português no campo de concentração de Tarrafal, Cabo Verde. O filme narra um dia na vida de Matesso, preso em Angola, para quem a mulher prepara um “fato completo”. A expressão inquieta os guardas da prisão, que o torturam, acreditando tratar-se de um plano de fuga. Puro desconhecimento: tratava-se de um prato a base de peixe, feijão e banana.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Fogo, uma ilha em chamas, Prefácio a Fuzis para Banta e Kbela.
Monga, retrato de café
Everlane Moraes
2017, Cuba, 13’, blu-ray
O convite para tomar café é o início de uma conversa íntima que esboça o retrato de Ramona Reyes, plantadora de café filha de um haitiano assassinado dias antes do triunfo da Revolução Cubana.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Na dobra da capulana e Mulheres da guerra.
Morte negada (Mortu Nega)
Flora Gomes
1988, Guiné-Bissau/França, 89’, DVD
Longa-metragem de estreia de Flora Gomes, esta etnoficção retrata, de modo expressivo e tocante, as vivências da guerra de independência da Guiné-Bissau, fundindo história contemporânea e mitologia. A narrativa vai de 1973, quando Diminga acompanha um grupo de guerrilheiros que levavam abastecimento de Conacri para a frente de combate, a 1977, quando a guerra terminou, mas não chegou verdadeiramente a se encerrar: onde Diminga vive, a seca impera, o marido dela está doente e outra luta começa. Primeiro filme da Guiné-Bissau independente, com lançamento mundial no Festival de Veneza, em 1988.
20/11, terça-feira, 18h30. Será exibido com o filme Em Bissau, o carnaval. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
Mueda, memória e massacre
Ruy Guerra
1979-1980, Moçambique, 80’, DVD
Considerado o primeiro longa-metragem de ficção de Moçambique, Mueda, memória e massacre formaliza tardiamente os pressupostos do projeto revolucionário da Frelimo. É a recriação dos acontecimentos do chamado Massacre de Mueda, ocorrido em 16 de junho de 1960, quando soldados portugueses abriram fogo sobre uma manifestação, matando centenas de pessoas. Os sobreviventes do episódio reinterpretaram, em vários momentos, após a independência nacional, esse momento da história de Moçambique, desempenhando ora o papel de agressores, ora o de vítimas.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Travessia e Avó (Muidumbe).
Mulheres da guerra (Women of the War)
Ike Bertels
1984, Holanda, 50’, DVD
Ike Bertels vê na televisão um documentário sobre as mulheres que lutam pela independência moçambicana e decide ir encontrá-las. O resultado é este retrato documental de três mulheres que lutaram dez anos para libertar seu país dos colonizadores portugueses. Após a independência, em 1975, Mónica foi escolhida para ser membro do Comitê Central do governo da Frelimo. Maria, mãe de cinco filhos, mudou-se para Maputo com o marido para estudar. Amélia tornou-se costureira de uniformes do Exército na província de Niassa. As histórias acabam por se entrelaçar, mostrando a importância política e pessoal de sua luta pela independência.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Monga, retrato de café e Na dobra da capulana.
Na cidade vazia
Maria João Ganga
2004, Angola/Portugal, 90’, DVD
Um grupo de crianças refugiadas de guerra, acompanhadas por uma freira, segue num voo rumo a Luanda, capital de Angola. Ao chegar ao aeroporto, N’Dala, menino de doze anos, consegue fugir do grupo e parte para descobrir a cidade. Enquanto a freira empreende a tentativa de encontrá-lo, acompanhamos N’Dala em sua jornada pelas ruas movimentadas da capital. Primeiro filme feito por uma mulher angolana e o segundo realizado na Angola do pós-guerra.
28/11, quarta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Cinzas.
Na dobra da capulana
Isabel Noronha e Camilo de Sousa
2014, Moçambique, 30’, DVD
Uma viagem do presente para o passado que nos revelará um universo tipicamente feminino por meio de situações e narrativas de mulheres que, como todas as moçambicanas, usam os tecidos tradicionais para diversos fins e lhe atribuem variadas significações. Qual é o sentido de ser mulher em diferentes épocas, ligadas entre si por traços, cores, padrões, desenhos, dizeres e nomes de cada capulana?
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Monga, retrato de café e Mulheres da guerra.
Noticiero ICAIC n. 409
Santiago Álvarez
1968, Cuba, 8’, DVD
A edição de número 409 dos noticieros do Icaic, de maio de 1968, é dedicada às lutas sociais africanas. Trata-se da maior expressão da direção de Santiago Álvarez em sua fase mais criativa, apostando nas collages de imagens de arquivos e sons.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Noticieros ICAIC n. 736 e n. 739
Daniel Diaz Torres e Miguel Torres
1975, Cuba, 8’ cada, DVD
A independência de Angola e a invasão do país por tropas do Zaire e da África do Sul são retratadas em edições do cinejornal cubano, as quais também abordam a situação política na Grécia, em Israel, no Vietnã e no Peru.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Nova sinfonia
Santiago Álvarez
1982, Moçambique/Cuba, 39’, DVD
O documentário é uma sinfonia cinematográfica sobre a luta anticolonial da Frelimo contra o império português. É composto de imagens de arquivo do processo revolucionário, da organização popular e do líder Samora Machel, provenientes do Instituto Nacional do Cinema (INC) de Moçambique.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739 e Maputo, meridiano novo.
Nshajo (O jogo)
Raquel Schefer
2010, Portugal, 8’, blu-ray
Entre 1957 e 1961, o antropólogo Jorge Dias, etnógrafo português da corrente luso-tropicalista, realiza estudos de campo no planalto dos Macondes, ao norte de Moçambique. O material recolhido dará origem à extensa monografia Os Macondes de Moçambique (1964-70), uma das obras fundamentais da antropologia portuguesa. Em 1960, Jorge Dias permanece durante alguns dias na residência da família da cineasta no Mucojo, onde seu avô era então administrador de posto. Nshajo (O jogo) entrelaça o relato de um episódio prosaico da estadia de Jorge Dias no Mucojo com uma tentativa de reflexão visual sobre os limites da representação antropológica e os processos de observação empírica, comparação, mimetismo e transculturação.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Tudo bem, tudo bem, vamos continuar e Makwayela. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
O milagre da terra morena (El milagro de la tierra morena)
Santiago Álvarez
1975, Angola/Cuba, 20’, DVD
Imagens da luta armada conduzida pelo PAIGC são combinadas a uma entrevista com um português casado com uma guineense e pai de uma criança mestiça. Quais são as implicações dessa união? Há uma relação de dominação? O que pensam sobre o racismo?
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Os comprometidos (Mozambique, or Treatment for Traitors)
Ike Bertels
1983, Holanda, 51’, DVD
Montagem da documentarista holandesa Ike Bertels a partir de material filmado por Ruy Guerra durante o interrogatório dos moçambicanos acusados de terem colaborado com o regime colonial português durante a guerra de independência. As sessões duraram uma semana. Samora Machel, primeiro presidente da República de Moçambique, enfrenta os colaboradores em um embate de tirar o fôlego.
29/11, quinta-feira, 18h00. Será exibido com o filme Estas são as armas. Sessão seguida de debate com o cineasta Murilo Salles e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
O tempo dos leopardos (Vreme Leoparda)
Zdravko Velimorovic e Camilo de Sousa
1985, Moçambique/Iugoslávia, 91’, DVD
Drama político ambientado em 1971 e rodado em Moçambique em 1985, durante a guerra civil, período de extrema escassez no país. Quando criança, um moçambicano e um colonialista português eram amigos. Anos se passaram, e Moçambique luta pela independência. Os dois irão se reencontrar em lados opostos. O longa é resultado de uma viagem de Samora Machel à Iugoslávia de marechal Tito. O Instituto de Cinema de Belgrado coproduziu o projeto em comemoração ao décimo aniversário da independência.
25/11, domingo, 16h00.
O vento sopra do norte
José Cardoso
1987, Moçambique, 90’, DVD
Uma das primeiras incursões da produção local pós-independência no longa-metragem de ficção, reconstituição da última fase do colonialismo português, na década de 1960. A cópia exibida é produto do restauro feito no laboratório da Cinemateca Portuguesa, no âmbito do projeto de cooperação levado a cabo em 2008 e 2009 com o Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema de Moçambique (Inac) e com o suporte do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (Ipad), visando à recuperação do precioso acervo daquele instituto.
27/11, terça-feira, 16h00.
Prefácio a Fuzis para Banta (Préface à Des Fusils pour Banta)
Mathieu Kleyebe Abonnenc
2011, França, 25’, blu-ray
Pensada originalmente como videoinstalação, a obra se baseia nas fotografias de cena e nas anotações do roteiro de Fuzis para Banta (1970), primeiro filme de Sarah Maldoror, atualmente perdido. Realizado na Guiné-Bissau, Fuzis para Banta acompanha a vida de Awa, camponesa engajada no PAIGC. Como em um slide-show, Abonnenc coloca as fotografias de cena em movimento, acompanhadas de uma narração em off que ajuda a imaginar como seria esse filme se fosse possível vê-lo.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Fogo, uma ilha em chamas e Kbela.
Quilombo das Brotas (episódio da websérie Empoderadas)
Renata Martins
2017, Brasil, 8’, blu-ray
Parceria entre as realizadoras Renata Martins e Lilian Santiago, este episódio da websérie Empoderadas convoca vozes femininas do Quilombo Brotas, em Itatiba (SP), para contar o processo de luta e resistência das mulheres quilombolas através das gerações.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Monga, retrato de café, Na dobra da capulana e Mulheres da guerra.
Spell Reel
Filipa César
2017, Guiné-Bissau/Portugal/França/Alemanha, 96’, blu-ray
Em 2011, arquivos fílmicos e registros audiovisuais relativos à história do cinema da Guiné-Bissau emergem. O material apresenta elementos essenciais da visão de Amílcar Cabral, líder do PAIGC assassinado em 1973, sobre a descolonização. Em colaboração com os cineastas guineenses Sana Na N’Hada e Flora Gomes, a portuguesa Filipa César imagina um périplo em que a frágil matéria do passado funciona como prisma visionário para observá-lo.
20/11, terça-feira, 16h00. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
28/11, quarta-feira, 18h30.
Transmissão das zonas libertadas (Transmission From the Liberated Zones)
Filipa César
2016, Alemanha/França/Portugal/Suécia, 30’, blu-ray
Durante a guerra de libertação da Guiné-Bissau, o PAIGC denominava zonas libertadas os territórios controlados pela guerrilha. No vídeo, um rapaz dialoga, hoje, com documentos e testemunhos referentes ao envolvimento solidário de quatro suecos nos eventos históricos que levaram o país à libertação do colonialismo português em 1974.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010 e Kuxa Kanema. O nascimento do cinema.
Travessia
Safira Moreira
2017, Brasil, 4’, blu-ray
Travessia traz uma investigação da memória fotográfica das famílias negras. A crítica diante da ausência de negros nos primeiros planos das imagens toma, aqui, forma poética, numa montagem musical de extrema delicadeza.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Avó (Muidumbe) e Mueda, memória e massacre.
Tudo bem, tudo bem, vamos continuar (Ça Va, Ça Va, On Continue)
Mathieu Kleyebe Abonnenc
2013, Portugal/França, 31’, blu-ray
O vídeo retoma a história da luta pela independência da Guiné-Bissau por meio de relatos – encenações da atriz Bia Gomes, ícone dos filmes do realizador guineense Flora Gomes. Bia Gomes fala de sua personagem Diminga, em Morte negada, por vezes passando a encarná-la outra vez. Em um embate entre personagem-artista branco português e uma plateia majoritariamente negra, surgem questões sobre a apropriação da cultura e da voz do outro, o lugar de fala, de diferença e de identidade.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Nshajo (O jogo) e Makwayela. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Xime
Sana Na N’Hada
1994, Guiné-Bissau/Holanda/França, 95’, DVD
Tendo estudado cinema em Cuba, Sana Na N’Hada codirigiu, com Flora Gomes, José Bolama e Josefina Crato Lopes, O regresso de Amílcar Cabral (1976), filme fundador do cinema da Guiné-Bissau. Xime, seu primeiro longa-metragem, se passa em 1962, na Guiné-Bissau colonial, quando Iala, camponês que cuida de uma plantação de arroz, é obrigado a lidar com a perda de autoridade sobre seus dois filhos. Raul, o mais velho, havia sido enviado para o seminário na capital e se juntou ao movimento de libertação contra o regime colonial português. Bedan, o caçula, permaneceu na aldeia e tem um caso com a futura noiva mais nova de seu pai.
27/11, terça-feira, 18h30.
Yvone Kane
Margarida Cardoso
2014, Portugal/Brasil, 118’, blu-ray
Depois da morte de sua filha, Rita volta ao país africano onde viveu na infância para investigar um mistério do passado: a verdade sobre a morte de Yvone Kane, ex-guerrilheira e ativista política. Nesse país, onde o progresso se constrói sobre as ruínas de um passado violento, Rita reencontra sua velha mãe, Sara, mulher dura e solitária que vive ali há muitos anos. Enquanto Sara vive os últimos dias de sua vida procurando um sentido para atos passados, Rita embrenha-se num território marcado pelas cicatrizes da história e assombrado por fantasmas da guerra e do mal, procurando o segredo de Yvone.
25/11, domingo, 18h00.
Celso Luccas e José Celso Martinez Corrêa
1975, Moçambique/Brasil, 140’, blu-ray
Depois do fechamento do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, exilados, filmam em 16 mm a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975. O filme pretende trazer o ponto de vista do colonizado ao contar o processo de libertação do país e, com base em imagens de arquivo de diferentes proveniências, mostrar a história da resistência e da luta do povo moçambicano contra quatrocentos anos de opressão e dominação colonialista. Foi exibido em 1977 no Festival de Cannes e na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
24/11, sábado, 17h30. Sessão seguida de debate com o cineasta Celso Luccas e com o crítico e pesquisador Juliano Gomes.
A colheita do diabo
Licínio Azevedo e Brigitte Bagnol
1988, Moçambique/França, 52’, DVD
Nascido em Porto Alegre e radicado em Moçambique desde 1975, Licínio Azevedo realiza A colheita do diabo em parceria com a antropóloga francesa Brigitte Bagnol. O filme trata de uma aldeia em Moçambique, ameaçada pela seca e por bandidos e defendida por cinco veteranos da guerra de independência. O título faz alusão às minas terrestres plantadas em solo moçambicano, que muito tempo após a independência continuavam a matar e a mutilar pessoas.
23/11, sexta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Hóspedes da noite.
A minha fala (Nha Fala)
Flora Gomes
2002, Guiné-Bissau/Portugal/França/Luxemburgo, 85’, DVD
Fruto de uma coprodução internacional e rodada em Cabo Verde, esta comédia musical é dedicada a Amílcar Cabral, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), assassinado em 1973. A trajetória de Vita, a protagonista, entre a África e a Europa, corre em paralelo aos deslocamentos do busto de Cabral. Uma maldição ancestral ameaça de morte as mulheres da família de Vita que se atrevem a cantar. Em Paris para estudar, ela se apaixona por Pierre, um jovem músico, e, radiante de felicidade, acaba por cantar. Pierre, surpreendido com seu talento, convence-a a gravar um álbum, que faz sucesso. Horrorizada pelo peso da maldição, ela resolve regressar à casa. Com a ajuda de Pierre, Vita encena a própria morte e a ressurreição, provando à família e aos amigos que tudo é possível quando se tem coragem de ousar.
30/11, sexta-feira, 18h30. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pela pesquisadora Jusciele Oliveira.
A república dos meninos (República di Mininus)
Flora Gomes
2012, Portugal/França/Guiné-Bissau/Bélgica/Alemanha, 78’, blu-ray
Num país em guerra, os adultos desaparecem, abandonando as crianças à própria sorte. Surge, assim, a República di Mininus, onde políticos, médicos, enfermeiros e professores são todos crianças – o único adulto é Dubam (Danny Glover), uma espécie de guru. A nova organização social é abalada com a chegada de cinco crianças-soldados que trazem histórias de violência e perdas. Os meninos da nova sociedade impõem aos recém-chegados uma prova: ou se aceitam uns aos outros como grupo, ou terão de partir novamente para um mundo sem esperança, onde a sobrevivência é algo impossível. Rodado em Moçambique e falado em inglês, o filme conta com trilha sonora de Youssou N’Dour.
01/12, sábado, 16h00. Será exibido com o filme Mc Soffia.
Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010
Silvia Vieira e Bruno Silva
2010, Portugal, 16’, DVD
Realizado por dois pesquisadores portugueses, reúne e analisa dados relativos aos filmes produzidos em Moçambique entre 1975 e 2010, somando-os a entrevistas com importantes cineastas e produtores do país. O documentário oferece uma perspectiva acerca do percurso do cinema em Moçambique.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Kuxa Kanema. O nascimento do cinema e Transmissão das zonas libertadas.
Avó (Muidumbe)
Raquel Schefer, 2009
2009, Portugal/França, 11’, blu-ray
Moçambique, 1960. Retrato de uma família colonial pouco antes da eclosão da guerra de independência. Uma sequência de material de arquivo filmada pelo avô da cineasta, antigo administrador português em Muidumbe, no norte de Moçambique, é o ponto de partida de um documentário experimental sobre a história da descolonização portuguesa e sua memória. Memória dupla ou desdobrada: a memória vivida e descritiva dos colonizadores (seus textos, suas imagens) contra a memória fabricada dos descendentes. O filme encena as lembranças indiretas que a realizadora tem de Moçambique no período colonial.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Travessia e Mueda, memória e massacre.
Cinzas
Larissa Fulana de Tal
2015, Brasil, 15’, blu-ray
Como diz a letra dos Racionais, “cada favelado é um universo em crise”. Com Toni não é diferente. Em Cinzas, inspirado em conto homônimo de Davi Nunes, Toni vive mais um dia de sua vida, marcada pela rotina entre ônibus lotado, atraso no salário, exigência de pontualidade no trabalho, descrença nos estudos, falta de grana, polícia e crise psicológica. As angústias do jovem se assemelham às de tantas outras personagens da vida real.
28/11, quarta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Na cidade vazia.
Comboio de sal e açúcar
Licínio Azevedo
2016, Moçambique/Brasil/Portugal/França/África do Sul, 100’, blu-ray
Durante a guerra civil moçambicana, o trem que liga Nampula ao Malaui é a única esperança para centenas de pessoas dispostas a arriscar a própria vida numa viagem a fim de garantir sua subsistência. O filme traz a história da estoica Mariamu, viajante frequente; da jovem enfermeira Rosa, que está a caminho de um novo hospital; do tenente Taiar, que só conhece a realidade de sua vida militar; e do soldado Salomão, com quem Mariamu não se dá muito bem. Exibido no Festival de Locarno em 2016.
23/11, sexta-feira, 18h30. Sessão comentada pelo pesquisador Alex Santana França.
Em Bissau, o carnaval (À Bissau, le Carnaval)
Sarah Maldoror
1980, Guiné-Bissau, 18’, DVD
Desde a independência, a cada carnaval estabelece-se uma competição entre os bairros de Bissau: crianças e adultos criam máscaras coloridas em grande formato, atualizando de maneira política um ritual tradicional. No filme, produzido pelo Instituto Nacional do Cinema da Guiné-Bissau, Sarah Maldoror observa os gestos de confecção das máscaras. Filmadas por Jean-Michel Humeau, Sana Na N’Hada e Flora Gomes, as imagens do Carnaval também foram usadas por Chris Marker em Sans soleil (1983).
20/11, terça-feira, 18h30. Será exibido com o filme Morte negada. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
Estas são as armas
Murilo Salles
1978, Moçambique, 60’, blu-ray, 16 anos
Documentário que conta trinta anos de história de Moçambique, do colonialismo português à independência e ao conflito com a Rodésia, atual Zimbábue. Conforme depoimento do diretor: “Estas são as armas é meu primeiro longa-metragem como diretor. Tive que sair do Brasil para realizar o rito de passagem da fotografia para a direção. Isso se deu com um filme militante. O presidente Samora Machel insistia ser necessário que se fizesse um trabalho para explicar aos moçambicanos o que era imperialismo. Assumi a tarefa. Tinha à disposição um precioso material de registro da luta armada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), além dos arquivos de centenas de cinejornais portugueses da época colonialista. O filme foi montado para emocionar um povo que se esforçava para entender o que era uma revolução marxista-leninista e estava muito orgulhoso de poder construir sua própria nação”.
29/11, quinta-feira, 18h00. Será exibido com o filme Os comprometidos. Sessão seguida de debate com o cineasta Murilo Salles e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Fogo, uma ilha em chamas (Fogo, l’Ile de Feu)
Sarah Maldoror
1979, Cabo Verde, 34’, DVD
A independência da dominação portuguesa, em 1975, é contada segundo a perspectiva da Ilha de Fogo, no arquipélago de Cabo Verde, dona de um vulcão ativo. O olhar poético de Sarah Maldoror se detém sobre imagens do cotidiano da ilha, marcado pela escassez de água. Como bombeá-la para viabilizar a agricultura? Qual é a saída para a população?
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Prefácio a Fuzis para Banta e Kbela.
Hóspedes da noite
Licínio Azevedo
2007, Moçambique, 53’, DVD
Hóspedes da noite se concentra em um dos grandes símbolos da colonização portuguesa em Moçambique: o Grande Hotel, na cidade da Beira, o maior hotel do país na época colonial, com 350 quartos e uma piscina olímpica, cuja grandeza não durou muito mais que uma década. No documentário, o hotel aparece nas ruínas de sua condição presente, sem eletricidade nem água canalizada, habitado por 3.500 pessoas.
23/11, sexta-feira, 16h00. Será exibido com o filme A colheita do diabo.
Kadjike
Sana Na N’Hada
2013, Guiné-Bissau/Portugal, 115’, DVD
Os habitantes da aldeia de Nôcau, no arquipélago dos Bijagós, vivem de acordo com tradições ancestrais e em absoluto respeito pela natureza, até que um dia, um bando de visitantes indesejados ocupa e profana uma ilha preservada para o cultivo. Quando o feiticeiro da aldeia morre e tudo parece estar perdido, seu jovem aprendiz decide lutar contra os invasores.
30/11, sexta-feira, 16h00.
Kbela
Yasmin Thayná
2015, Brasil, 22’, blu-ray
Uma experiência audiovisual sobre ser mulher e tornar-se negra, a partir da afirmação dos cabelos crespos. Exercício subjetivo de autorrepresentação e empoderamento, em diálogo com o filme Alma no olho (1974), de Zózimo Bulbul.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Fogo, uma ilha em chamas e Prefácio a Fuzis para Banta.
Kuxa Kanema. O nascimento do cinema
Margarida Cardoso
2003, Portugal/Moçambique/França/Bélgica, 52’, blu-ray
A primeira ação cultural do governo moçambicano logo após a independência, em 1975, foi a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC). O novo presidente, Samora Machel, tinha especial consciência do poder da imagem e de como utilizá-la para construir uma nação socialista. As unidades de cinema móvel mostrariam por todo o país a mais popular produção do INC, o cinejornal Kuxa Kanema, cujo título significa “o nascimento do cinema”. O documentário da portuguesa Margarida Cardoso retraça o percurso histórico desde o surgimento desse ambicioso projeto até a decadência do INC.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010 e Transmissão das zonas libertadas.
Makwayela
Jean Rouch
1977, Moçambique/França, 19’, DVD
Resultado de uma oficina com um grupo de estudantes em Moçambique, este filme consiste numa visita do realizador e etnólogo francês Jean Rouch à Companhia Vidreira de Moçambique. Ali, depois de uma breve cena da fabricação de garrafas, aparece, com som direto, uma dezena de trabalhadores cantando e dançando no pátio uma canção anti-imperialista, cuja origem e sentido eles explicam em seguida ao cineasta: ela nasceu da dura experiência de trabalhar em minas, na África do Sul, sob o regime do apartheid.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Nshajo (O jogo) e Tudo bem, tudo bem, vamos continuar. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Maputo, meridiano novo
Santiago Álvarez
1976, Moçambique/Cuba, 16’, DVD
A partir de imagens de arquivo e filmagens da cidade de Maputo, o documentário aborda os principais fatos históricos relacionados à luta anticolonial da Frelimo contra o império português.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739 e Nova sinfonia.
Mc Soffia (episódio da websérie Empoderadas)
Renata Martins
2015, Brasil, 5’, blu-ray
Nascida em 2004, a rapper Soffia Gomes da Rocha Gregório Correia é a estrela desse episódio da websérie Empoderadas, combinando poesia, rima, ritmo, cultura, respeito e a busca por suas raízes.
01/12, sábado, 16h00. Será exibido com o filme A república dos meninos.
Monangambée
Sarah Maldoror
1968, Angola/França, 15’, DVD
Filmado na Argélia em 1968 a partir da adaptação de um conto de José Luandino Vieira, “O fato completo de Lucas Matesso” (1962), no momento em que o próprio Luandino Vieira encontrava-se preso pelo poder colonial português no campo de concentração de Tarrafal, Cabo Verde. O filme narra um dia na vida de Matesso, preso em Angola, para quem a mulher prepara um “fato completo”. A expressão inquieta os guardas da prisão, que o torturam, acreditando tratar-se de um plano de fuga. Puro desconhecimento: tratava-se de um prato a base de peixe, feijão e banana.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Fogo, uma ilha em chamas, Prefácio a Fuzis para Banta e Kbela.
Monga, retrato de café
Everlane Moraes
2017, Cuba, 13’, blu-ray
O convite para tomar café é o início de uma conversa íntima que esboça o retrato de Ramona Reyes, plantadora de café filha de um haitiano assassinado dias antes do triunfo da Revolução Cubana.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Na dobra da capulana e Mulheres da guerra.
Morte negada (Mortu Nega)
Flora Gomes
1988, Guiné-Bissau/França, 89’, DVD
Longa-metragem de estreia de Flora Gomes, esta etnoficção retrata, de modo expressivo e tocante, as vivências da guerra de independência da Guiné-Bissau, fundindo história contemporânea e mitologia. A narrativa vai de 1973, quando Diminga acompanha um grupo de guerrilheiros que levavam abastecimento de Conacri para a frente de combate, a 1977, quando a guerra terminou, mas não chegou verdadeiramente a se encerrar: onde Diminga vive, a seca impera, o marido dela está doente e outra luta começa. Primeiro filme da Guiné-Bissau independente, com lançamento mundial no Festival de Veneza, em 1988.
20/11, terça-feira, 18h30. Será exibido com o filme Em Bissau, o carnaval. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
Mueda, memória e massacre
Ruy Guerra
1979-1980, Moçambique, 80’, DVD
Considerado o primeiro longa-metragem de ficção de Moçambique, Mueda, memória e massacre formaliza tardiamente os pressupostos do projeto revolucionário da Frelimo. É a recriação dos acontecimentos do chamado Massacre de Mueda, ocorrido em 16 de junho de 1960, quando soldados portugueses abriram fogo sobre uma manifestação, matando centenas de pessoas. Os sobreviventes do episódio reinterpretaram, em vários momentos, após a independência nacional, esse momento da história de Moçambique, desempenhando ora o papel de agressores, ora o de vítimas.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Travessia e Avó (Muidumbe).
Mulheres da guerra (Women of the War)
Ike Bertels
1984, Holanda, 50’, DVD
Ike Bertels vê na televisão um documentário sobre as mulheres que lutam pela independência moçambicana e decide ir encontrá-las. O resultado é este retrato documental de três mulheres que lutaram dez anos para libertar seu país dos colonizadores portugueses. Após a independência, em 1975, Mónica foi escolhida para ser membro do Comitê Central do governo da Frelimo. Maria, mãe de cinco filhos, mudou-se para Maputo com o marido para estudar. Amélia tornou-se costureira de uniformes do Exército na província de Niassa. As histórias acabam por se entrelaçar, mostrando a importância política e pessoal de sua luta pela independência.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Monga, retrato de café e Na dobra da capulana.
Na cidade vazia
Maria João Ganga
2004, Angola/Portugal, 90’, DVD
Um grupo de crianças refugiadas de guerra, acompanhadas por uma freira, segue num voo rumo a Luanda, capital de Angola. Ao chegar ao aeroporto, N’Dala, menino de doze anos, consegue fugir do grupo e parte para descobrir a cidade. Enquanto a freira empreende a tentativa de encontrá-lo, acompanhamos N’Dala em sua jornada pelas ruas movimentadas da capital. Primeiro filme feito por uma mulher angolana e o segundo realizado na Angola do pós-guerra.
28/11, quarta-feira, 16h00. Será exibido com o filme Cinzas.
Na dobra da capulana
Isabel Noronha e Camilo de Sousa
2014, Moçambique, 30’, DVD
Uma viagem do presente para o passado que nos revelará um universo tipicamente feminino por meio de situações e narrativas de mulheres que, como todas as moçambicanas, usam os tecidos tradicionais para diversos fins e lhe atribuem variadas significações. Qual é o sentido de ser mulher em diferentes épocas, ligadas entre si por traços, cores, padrões, desenhos, dizeres e nomes de cada capulana?
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Quilombo das Brotas, Monga, retrato de café e Mulheres da guerra.
Noticiero ICAIC n. 409
Santiago Álvarez
1968, Cuba, 8’, DVD
A edição de número 409 dos noticieros do Icaic, de maio de 1968, é dedicada às lutas sociais africanas. Trata-se da maior expressão da direção de Santiago Álvarez em sua fase mais criativa, apostando nas collages de imagens de arquivos e sons.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Noticieros ICAIC n. 736 e n. 739
Daniel Diaz Torres e Miguel Torres
1975, Cuba, 8’ cada, DVD
A independência de Angola e a invasão do país por tropas do Zaire e da África do Sul são retratadas em edições do cinejornal cubano, as quais também abordam a situação política na Grécia, em Israel, no Vietnã e no Peru.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Nova sinfonia
Santiago Álvarez
1982, Moçambique/Cuba, 39’, DVD
O documentário é uma sinfonia cinematográfica sobre a luta anticolonial da Frelimo contra o império português. É composto de imagens de arquivo do processo revolucionário, da organização popular e do líder Samora Machel, provenientes do Instituto Nacional do Cinema (INC) de Moçambique.
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, O milagre da terra morena, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739 e Maputo, meridiano novo.
Nshajo (O jogo)
Raquel Schefer
2010, Portugal, 8’, blu-ray
Entre 1957 e 1961, o antropólogo Jorge Dias, etnógrafo português da corrente luso-tropicalista, realiza estudos de campo no planalto dos Macondes, ao norte de Moçambique. O material recolhido dará origem à extensa monografia Os Macondes de Moçambique (1964-70), uma das obras fundamentais da antropologia portuguesa. Em 1960, Jorge Dias permanece durante alguns dias na residência da família da cineasta no Mucojo, onde seu avô era então administrador de posto. Nshajo (O jogo) entrelaça o relato de um episódio prosaico da estadia de Jorge Dias no Mucojo com uma tentativa de reflexão visual sobre os limites da representação antropológica e os processos de observação empírica, comparação, mimetismo e transculturação.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Tudo bem, tudo bem, vamos continuar e Makwayela. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
O milagre da terra morena (El milagro de la tierra morena)
Santiago Álvarez
1975, Angola/Cuba, 20’, DVD
Imagens da luta armada conduzida pelo PAIGC são combinadas a uma entrevista com um português casado com uma guineense e pai de uma criança mestiça. Quais são as implicações dessa união? Há uma relação de dominação? O que pensam sobre o racismo?
22/11, quinta-feira, 18h30. Será exibido com os filmes Noticiero ICAIC n. 409, Noticiero ICAIC n. 736, Noticiero ICAIC n. 739, Maputo, meridiano novo e Nova sinfonia.
Os comprometidos (Mozambique, or Treatment for Traitors)
Ike Bertels
1983, Holanda, 51’, DVD
Montagem da documentarista holandesa Ike Bertels a partir de material filmado por Ruy Guerra durante o interrogatório dos moçambicanos acusados de terem colaborado com o regime colonial português durante a guerra de independência. As sessões duraram uma semana. Samora Machel, primeiro presidente da República de Moçambique, enfrenta os colaboradores em um embate de tirar o fôlego.
29/11, quinta-feira, 18h00. Será exibido com o filme Estas são as armas. Sessão seguida de debate com o cineasta Murilo Salles e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
O tempo dos leopardos (Vreme Leoparda)
Zdravko Velimorovic e Camilo de Sousa
1985, Moçambique/Iugoslávia, 91’, DVD
Drama político ambientado em 1971 e rodado em Moçambique em 1985, durante a guerra civil, período de extrema escassez no país. Quando criança, um moçambicano e um colonialista português eram amigos. Anos se passaram, e Moçambique luta pela independência. Os dois irão se reencontrar em lados opostos. O longa é resultado de uma viagem de Samora Machel à Iugoslávia de marechal Tito. O Instituto de Cinema de Belgrado coproduziu o projeto em comemoração ao décimo aniversário da independência.
25/11, domingo, 16h00.
O vento sopra do norte
José Cardoso
1987, Moçambique, 90’, DVD
Uma das primeiras incursões da produção local pós-independência no longa-metragem de ficção, reconstituição da última fase do colonialismo português, na década de 1960. A cópia exibida é produto do restauro feito no laboratório da Cinemateca Portuguesa, no âmbito do projeto de cooperação levado a cabo em 2008 e 2009 com o Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema de Moçambique (Inac) e com o suporte do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (Ipad), visando à recuperação do precioso acervo daquele instituto.
27/11, terça-feira, 16h00.
Prefácio a Fuzis para Banta (Préface à Des Fusils pour Banta)
Mathieu Kleyebe Abonnenc
2011, França, 25’, blu-ray
Pensada originalmente como videoinstalação, a obra se baseia nas fotografias de cena e nas anotações do roteiro de Fuzis para Banta (1970), primeiro filme de Sarah Maldoror, atualmente perdido. Realizado na Guiné-Bissau, Fuzis para Banta acompanha a vida de Awa, camponesa engajada no PAIGC. Como em um slide-show, Abonnenc coloca as fotografias de cena em movimento, acompanhadas de uma narração em off que ajuda a imaginar como seria esse filme se fosse possível vê-lo.
21/11, quarta-feira, 19h00.
02/12, domingo, 16h00.
Será exibido com os filmes Monangambée, Fogo, uma ilha em chamas e Kbela.
Quilombo das Brotas (episódio da websérie Empoderadas)
Renata Martins
2017, Brasil, 8’, blu-ray
Parceria entre as realizadoras Renata Martins e Lilian Santiago, este episódio da websérie Empoderadas convoca vozes femininas do Quilombo Brotas, em Itatiba (SP), para contar o processo de luta e resistência das mulheres quilombolas através das gerações.
22/11, quinta-feira, 16h00.
02/12, domingo, 18h00.
Será exibido com os filmes Monga, retrato de café, Na dobra da capulana e Mulheres da guerra.
Spell Reel
Filipa César
2017, Guiné-Bissau/Portugal/França/Alemanha, 96’, blu-ray
Em 2011, arquivos fílmicos e registros audiovisuais relativos à história do cinema da Guiné-Bissau emergem. O material apresenta elementos essenciais da visão de Amílcar Cabral, líder do PAIGC assassinado em 1973, sobre a descolonização. Em colaboração com os cineastas guineenses Sana Na N’Hada e Flora Gomes, a portuguesa Filipa César imagina um périplo em que a frágil matéria do passado funciona como prisma visionário para observá-lo.
20/11, terça-feira, 16h00. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva.
28/11, quarta-feira, 18h30.
Transmissão das zonas libertadas (Transmission From the Liberated Zones)
Filipa César
2016, Alemanha/França/Portugal/Suécia, 30’, blu-ray
Durante a guerra de libertação da Guiné-Bissau, o PAIGC denominava zonas libertadas os territórios controlados pela guerrilha. No vídeo, um rapaz dialoga, hoje, com documentos e testemunhos referentes ao envolvimento solidário de quatro suecos nos eventos históricos que levaram o país à libertação do colonialismo português em 1974.
24/11, sábado, 15h30. Será exibido com os filmes Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010 e Kuxa Kanema. O nascimento do cinema.
Travessia
Safira Moreira
2017, Brasil, 4’, blu-ray
Travessia traz uma investigação da memória fotográfica das famílias negras. A crítica diante da ausência de negros nos primeiros planos das imagens toma, aqui, forma poética, numa montagem musical de extrema delicadeza.
29/11, quinta-feira, 16h00. Será exibido com os filmes Avó (Muidumbe) e Mueda, memória e massacre.
Tudo bem, tudo bem, vamos continuar (Ça Va, Ça Va, On Continue)
Mathieu Kleyebe Abonnenc
2013, Portugal/França, 31’, blu-ray
O vídeo retoma a história da luta pela independência da Guiné-Bissau por meio de relatos – encenações da atriz Bia Gomes, ícone dos filmes do realizador guineense Flora Gomes. Bia Gomes fala de sua personagem Diminga, em Morte negada, por vezes passando a encarná-la outra vez. Em um embate entre personagem-artista branco português e uma plateia majoritariamente negra, surgem questões sobre a apropriação da cultura e da voz do outro, o lugar de fala, de diferença e de identidade.
01/12, sábado, 18h00. Será exibido com os filmes Nshajo (O jogo) e Makwayela. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro.
Xime
Sana Na N’Hada
1994, Guiné-Bissau/Holanda/França, 95’, DVD
Tendo estudado cinema em Cuba, Sana Na N’Hada codirigiu, com Flora Gomes, José Bolama e Josefina Crato Lopes, O regresso de Amílcar Cabral (1976), filme fundador do cinema da Guiné-Bissau. Xime, seu primeiro longa-metragem, se passa em 1962, na Guiné-Bissau colonial, quando Iala, camponês que cuida de uma plantação de arroz, é obrigado a lidar com a perda de autoridade sobre seus dois filhos. Raul, o mais velho, havia sido enviado para o seminário na capital e se juntou ao movimento de libertação contra o regime colonial português. Bedan, o caçula, permaneceu na aldeia e tem um caso com a futura noiva mais nova de seu pai.
27/11, terça-feira, 18h30.
Yvone Kane
Margarida Cardoso
2014, Portugal/Brasil, 118’, blu-ray
Depois da morte de sua filha, Rita volta ao país africano onde viveu na infância para investigar um mistério do passado: a verdade sobre a morte de Yvone Kane, ex-guerrilheira e ativista política. Nesse país, onde o progresso se constrói sobre as ruínas de um passado violento, Rita reencontra sua velha mãe, Sara, mulher dura e solitária que vive ali há muitos anos. Enquanto Sara vive os últimos dias de sua vida procurando um sentido para atos passados, Rita embrenha-se num território marcado pelas cicatrizes da história e assombrado por fantasmas da guerra e do mal, procurando o segredo de Yvone.
25/11, domingo, 18h00.