MONSERRATE
June 20, 2017

ATO DE FÉ (REDUX)

ACTO DE FE (1970-2017), de Luis Ospina, 17 min. 14 anos.

Em um dia comum, um homem desesperado decide comprar um revólver com o desejo de matar indiscriminadamente. Entre as massas e a solidão individual, percorre uma jornada existencial. O curta é uma adaptação do conto “Erostrato”, de Jean-Paul Sartre.

O niilismo marca este primeiro trabalho no cinema feito por Luis Ospina quando ele contava 21 anos. Para narrar um dia na vida de uma pessoa, adota-se a perspectiva de um olhar estrangeiro – o curta é fruto da vivência do diretor em Los Angeles, no momento em que cursava cinema na UCLA. Da varanda do sexto andar de um prédio, um homem (David Hamburger) olha as pessoas que circulam pelas ruas. Como em “Erostrato”, conto de Jean-Paul Sartre publicado em 1939 que foi a fonte de inspiração para o filme, os indivíduos são comparados a insetos que assumem diferentes percursos, compondo o movimento dinâmico das massas. A câmera, em plongée, acentua o esmagamento da humanidade e torna mais grotescos os gestos comuns dos homens. “A você pode parecer agradável, mas a mim me produz nojo”, diz o personagem. Neste ponto não há nada que o impeça de cruzar as fronteiras do correto e do cordial, e o personagem sai em meio à multidão, disposto a atirar sem critérios. A mobilidade do 16mm e os planos próximos proporcionam o clima de uma dupla caça: ao inimigo exterior e ao inimigo interior. O homem acaba por atirar em um sujeito (Hebert Di Gioia) e foge. Termina escondido em um banheiro, sucumbindo em um local público destinado aos dejetos, sem coragem de tirar a própria vida. Como parte do material original se perdeu, a versão restaurada valeu-se dos out-takes e tem, portanto, pequenas diferenças com relação ao filme de 1970. (Marina Campos)

02 de julho, domingo, 15h00
08 de julho, sábado, 17h00