Na avenida Sexta, em Cali, os hippies fazem parte do cenário original da cidade. Refletem sobre o que é ser um artesão, um caminhante e um viajante. Expõem os desvios nos quais se propõem viver.

Com um plano-sequência da avenida Sexta, embalado pelo rock da trilha sonora, o documentário começa como um mergulho no imaginário da geração que marca o movimento hippie da San Francisco dos anos 1960. Os artesãos que trabalham por ali refletem sobre a criação de suas obras e também sobre o que significa fazer parte dessa atividade contracultural. Fica patente a diversidade do grupo, nada homogêneo no que diz respeito a ritmos e modismos. As divisões estabelecidas a cada quadra da rua, separando os radicados em Cali, os transeuntes e os estrangeiros, se explicitam em diferenças marcantes entre os que deambulam e os que estão ali não por acidente, mas por escolha. As conversas que surgem com entrevistados acabam por explorar o lugar mítico que ocupam, em contraponto ao centro da cidade. Por outro lado, a caminhada e a viagem lhes permitem viver novas experiências, não pautadas pelos parâmetros que enquadram e circunscrevem o que, para os hippies, está a sua margem: a sociedade de consumo. Tão interessante quanto a sequência inicial é o plano final, em que o único motivo que os tira dali é a chuva, e não a sociedade que combatem. (Paula Ramos)

08 de julho, sábado, 15h00